Resenha: O Doador de Memórias

Autora: Lois Lowry

Editora: Arqueiro

Ano de lançamento: 2014 (minha edição) 

Páginas: 190

Nota: 5/5

Sinopse: Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes. Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar. 

Resenha:

   
   Primeiramente, preciso ressaltar que a premissa desse livro é uma das melhores que eu já li na minha vida. Toda a ideia desse livro é fantástica, tudo que a autora quer passar é intenso, é uma distopia que se você REALMENTE ler, ficará assustado.

   Bom, o livro é narrado em 3º pessoa e pelo protagonista ter apenas 12 anos imaginei que poderia haver no livros certas "mimimices" da idade, ainda bem, estava totalmente enganada. O protagonista é muito maduro para idade que tem e isso é totalmente justificado no livro, então não se torna estranho, você não fica pensando "ei, mas ele só tem 12 anos", você entende todas as facetas do personagem pela sociedade distópica que a Lowry criou. 

   Por falar em sociedade distópica, que construção incrível, a autora conseguiu me deixar de fato angustiada com aquelas pessoas, com aquela utopia. Tinha momentos em que eu ficava sufocada junto com o Jonas. 

   Os personagens são muito bem desenvolvidos pela autora de forma primorosa. Ela vai te contando as coisas e você vai se envolvendo com cada um, tentando descobrir seus segredos, suas diferenças (apesar da mesmice), e a autora te faz querer mais do que tudo que essas pessoas acordem, que essas pessoas percebam o quão falso é a realidade em que elas vivem, você fica com vontade de entrar no livro e sair gritando com todos para que eles acordem e é ai que você percebe o quão está apegada a esses personagens e o quanto a autora é maravilhosa por só te fazer perceber isso em um momento de aflição. 

    Quanto a escrita da Lois Lowry, achei uma escrita bastante fluída, tinha vários momentos em que eu me via querendo economizar o livro para ele durar mais um pouquinho, mas a autora tem mania de terminar os capítulos em cliffhanger então fica complicado não ler o próximo, e o próximo e próximo... e quando percebi faltavam 10 páginas para acabar o livro.
    O livro é todo cheio de críticas, algumas indiretas e outras diretas, e conversa perfeitamente com a realidade em que vivemos hoje, por isso pode ser tão assustador. Eu me via várias vezes pensando coisas do tipo "Será que se continuarmos assim esse vai ser o nosso fim?" e isso é algo assombroso, já que a vida dessas pessoas é um enorme vazio, ninguém vive de verdade sem memória.
    A autora quer mostrar uma ideia de como tudo pode acabar se não mudarmos a NOSSA realidade, ela quer mostrar o que acontece quando se é privado de memória, ela destrói a ideia de utopia plena e faz isso perfeitamente. O livro todo é um aviso para pessoas que vivem querendo impor padrões, restringir conhecimento, enfim, o livro é uma crítica para boa parte da nossa sociedade, vamos combinar, o livro conversa com a nossa realidade diretamente.
   Por fim, é um livro que com toda certeza deve ser lido por todas aqueles que como eu são fissurados em distopia e merece também ser lido por aqueles que querem dar uma chance ao gênero ou uma nova chance, enfim, é um livro que merece ser lido por todos. 

     A sequência do livro já saiu e se chama A Escolhida (eles não traduziram o título original ao pé da letra o que me deixou irritada) e obviamente eu estou ansiosíssima para ler, e assim que ler venho aqui e conto a vocês ok?! 

Então, esse é um livro maravilhoso e combina muito bem com a atmosfera natalina que imaginamos para a época já que tem várias cenas que se passam na neve. Realmente espero que vocês tenham ficado com vontade de ler e deem uma chance!

Beijos!